O Resgate Da Escola Pública Utópica De Freire Como Possibilidade Inscrita Na História: O Movimento De Reorientação Curricular Em São Paulo (1989-1992)
DOI:
10.37084/REMATEC.1980-3141.2020.n33.p201-223.id229Palavras-chave:
Escola pública, Políticas curriculares, Currículo, Paulo Freire, Escola utópicaResumo
Propomo-nos, neste texto, discutir o Movimento de Reorientação Curricular realizado durante a gestão de Paulo Freire, na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, de 1989 a 1992, por identificá-lo com a proposta de oferecer às escolas públicas paulistanas os subsídios necessários à construção curricular, visando estimular, por meio da descentralização do poder deliberativo sobre o currículo, a autonomia das escolas e a participação popular no movimento. Justificamos sua necessidade devido ao fato de que a viabilidade e o direito de cada escola brasileira construir seu próprio currículo têm sido postos em suspeição pelas políticas tecnicistas, homogeneizadoras e acríticas que supõem a impossibilidade dessa construção. Torna-se necessária outra escola, que se construa a partir de outra lógica. Por isso, partindo da hipótese – presente nos princípios estruturantes apresentados à rede municipal à época – de que a política curricular freireana se fundamentou em uma inversão do tradicional vetor orientador dessas políticas, avaliamos seus contrapontos significativos às atuais políticas curriculares, possibilitando-nos, inclusive, o resgate do sentido público da escola pública brasileira, por meio do que chamamos de escola pública utópica de Freire.
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